Autor preferiu ficar em silêncio.
Mulher participou da primeira audiência do caso; autor permaneceu em silêncio
A mãe da menina de 11 anos, carinhosamente chamada de Estrelinha – que foi morta e estuprada no dia 11 de dezembro do ano passado, no Bairro Nossa Senhora das Graças, em Campo Grande – participou da primeira audiência do caso, na tarde desta terça-feira (16). Ao todo 11 testemunhas foram chamadas. O autor do crime preferiu ficar em silêncio e disse que apenas falaria em juízo, como foi orientado pela defesa.
A mulher afirmou que nem Estrelinha nem os outros dois filhos presenciaram ela fazendo programas sexuais. No dia do crime, ela disse ter falado para a filha “a mamãe vai lá buscar dinheiro” e confessou ter saído de casa por volta das 16h, só retornando às 22h, quando foi para um bar a cerca de seis quadras de casa.
Ela ainda relatou que, no dia do crime, disse para a filha mais velha que já tinha conseguido o dinheiro para as fraldas e as contas de casa, mas “precisava correr atrás do aluguel”. A mulher afirmou que fazia programas para “complementar a renda” que recebia de programas assistenciais.
“Eles nunca viram isso não”, afirmou quando questionado sobre fazer programas sexuais na frente dos filhos. Segundo ela, ao perceber que estava tarde da noite, pediu a companhia de um colega para ir até sua casa. Chegando no local, chamou pela filha, que não respondeu.
A mãe relatou que chamou por Estrelinha e decidiu ir até os fundos da casa “ver se estava acontecendo alguma coisa”. Ela encontrou a porta dos fundos aberta, mas explicou que a porta não costumava ficar trancada, já que não tinha trava, sendo fechada apenas com uma máquina de lavar encostada.
Ela explicou ter visto a porta aberta, entrado e visto Estrelinha caída no chão, rodeada de sangue. “Quando eu vi gritei “mataram minha filha, mataram minha filha”. Eu não corri para não ser pega em flagrante, eu corri para ir atrás dos pais das crianças. Quando subi [a rua], o camburão apareceu e pediram para eu voltar”, relatou.
Quando questionada sobre o motivo de ter ficado seis horas longe de casa, ela afirmou que estava no bar e que era comum consumir bebidas alcoólicas com “clientes” ao fazer programas sexuais. Ela ainda relatou que, no dia do crime, o autor teria passado na casa dela e perguntado se ela estaria na residência no final da tarde.
A mulher ainda relatou nunca ter recebido ajuda para cuidar dos filhos, exceto o dinheiro que o pai de Estrelinha enviava há seis anos, antes de morrer de câncer. Ela ainda explicou que o dinheiro dos programas era “para comprar algo que os filhos quisessem, uma bolacha ou algo assim”.Casa onde Estrelinha foi morta.
A menina foi estuprada e assassinada por volta das 22h do dia 11 de dezembro. A mãe foi levada para a delegacia por deixar os três filhos sozinhos na residência, enquanto foi a um bar próximo.
Quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local, a vítima estava no chão, inconsciente e com sangue ao lado do corpo. Os irmãos mais novos da menina também estavam no imóvel quando o crime aconteceu.
Ela ainda chegou a ser socorrida, mas acabou morrendo. O criminoso era conhecido da mãe das crianças. Ele invadiu e abordou a vítima na cozinha. O bandido estuprou e matou a menina no local. Partes do corpo da garota ficaram dilaceradas.
Durante o depoimento, ele confessou que já tinha feito vários programas com a mãe da vítima, mas que a menina saía da residência com os irmãos menores.
O criminoso afirmou que já utilizou droga na casa onde as crianças moravam, e que no dia do crime a mãe da vítima teria perguntado se ele iria à residência dela, ele teria respondido que “talvez passasse mais tarde”. Ao chegar ao imóvel, encontrou apenas a menina e disse ter entrado na casa pela porta dos fundos.