Desde o início deste ano a notícia do rombo no caixa da Americanas abalou não só o mercado financeiro, mas também deixou clientes e colaboradores apreensivos com o futuro da gigante do varejo no Brasil.
Além do pedido de Recuperação Judicial, no início de fevereiro a empresa entrou com uma liminar para evitar despejos de imóveis caso não pague o aluguel, entretanto há pontos na legislação brasileira que podem derrubar a liminar, como a Lei 11.101/2005 que permite que determinados tipos de contrato não se sujeitem a pedidos de Recuperação Judicial.
O Dourados News esteve na unidade de Dourados da loja onde é possível notar prateleiras vazias e a reestruturação dos corredores para disfarçar a visível escassez de produtos.
Ao abordar alguns colaboradores eles afirmaram que na cidade não houve nenhum desligamento em decorrência da atual crise, tão pouco foram informados sobre a possibilidade de fechamento da unidade ou demissões.
DIÁLOGO ENTRE EMPRESA E COLABORADORES
Para promover segurança aos colaboradores, no dia 9 de fevereiro houve a primeira audiência entre a Americanas e sindicatos trabalhistas, mediada pelo subprocurador-geral do Trabalho, Francisco Gérson de Lima, e o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, com o objetivo de encontrar melhores resoluções dos impactos decorrentes das inconsistências contábeis, que chegaram ao montante de R$ 40 bilhões.
Os mediadores ressaltaram a importância da transparência por parte da empresa e que o diálogo entre os sindicatos e a Americanas é “melhor forma de conduzir a questão”.
Segundo informações do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT/MS), o advogado do grupo Americanas reiterou o compromisso firmado na reunião com os sindicatos e se comprometeu a não realizar nenhuma grande demissão até a aprovação do plano de recuperação judicial, previsto para 20 de março de 2023.
Os sindicatos solicitaram que um eventual plano de reestruturação trabalhista seja apresentado às entidades previamente, além de reforçar que eventuais demissões sejam sempre homologadas pelos sindicatos.
Ainda de acordo com o MPT, foi instaurado o procedimento de mediação, na expectativa de se criar um ambiente democrático de debate e de propostas, com o objetivo de resolver o conflito da melhor forma possível, uma vez que as entidades sindicais buscaram a instituição após estimarem que até 40 mil trabalhadores podem ser demitidos.
No dia 13 de fevereiro o Dourados News entrou em contato com a assessoria de imprensa das Lojas Americanas para saber sobre possíveis demissões no Mato Grosso do Sul e em Dourados, bem como a chance de fechamento de lojas, entretanto, até o fechamento desta matéria não tivemos resposta.
Já na tarde desta terça-feira (14) também contatamos o MPT/MS para atualizar se houve alguma notificação sobre demissões, fechamento ou alguma irregularidade, mas não houve resposta até a publicação da matéria.
ENTENDA O CASO
No dia 11 de janeiro de 2023 a empresa Americanas informou passar por “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nos balanços do ano passado.
O fato teria ocorrido por uma operação comum no varejo, chamada de “risco sacado”, que é quando a empresa pega financiamento com um banco para compra de material de fornecedores e, posteriormente, o banco antecipa os recursos para o fornecedor.
A empresa então teria que pagar a dívida com esse banco com juros pelo prazo do empréstimo. No caso das Americanas, isso não foi devidamente reportado no balanço e cláusulas no contrato podem fazer com que a cobrança seja antecipada.
Já no dia 19 de fevereiro, a Americanas entrou com pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça (TJ) do Rio de Janeiro. A varejista informou que o valor total da dívida é de cerca de R$ 43 bilhões e que conta com 16,3 mil credores.
Esse seria o quarto maior pedido da história do Brasil, atrás da Odebrecht, da Oi e da Samarco.
prateleiras vazia
credito:Jhonatan Xavier/Dourados news
Por: Itanoticiasms.com